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O grito do descontrole: a decadência política de Emerson Panta

 


Na política existem momentos que valem mais do que uma eleição inteira. A noite desta segunda-feira três foi um desses momentos. Não pelo conteúdo, mas pelo retrato explícito da decadência de uma liderança que já foi protagonista e hoje luta para não ser esquecida: Emerson Panta.


Quem viu o ex-prefeito no evento organizado por ele e pela deputada Jane Panta para anunciar apoio ao prefeito de Patos, Nabor Wanderley, não viu estratégia. Viu descontrole. Viu grito. Viu um homem que sempre se vendeu como calculista perder o último atributo que ainda sustentava sua imagem: o autocontrole.


O que antes era silêncio frio virou rompante. O que era pose de estadista virou espetáculo.


A raiva não é sobre política. É sobre perda de poder.


Emerson não está revoltado com supostas traições. A revolta nasce porque ele perdeu o controle.

O controle da cidade, o controle da classe política e talvez o que mais o machuca, o controle da própria narrativa.


Santa Rita seguiu em frente, e Emerson não percebeu.


Hoje ele se apoia no que restou: conexões políticas que orbitam o poder estadual e federal. Não é coincidência que ele e Jane tenham colado imagem em Aguinaldo Ribeiro, depois em Lucas Ribeiro e agora em Nabor Wanderley. Não é afeto político, é sobrevivência. Vislumbram o que esses nomes representam: estrutura, influência e poder político.


A política tem memória. As urnas também. Os números falam mais do que qualquer discurso inflamado.


Em 2022, quando Emerson apoiou Bruno Roberto para o Senado, o resultado foi um fiasco eleitoral em Santa Rita: apenas 7.144 votos. Ricardo Coutinho foi o campeão de votos no município com 17.868 votos, mais de 10.700 à frente do candidato apoiado por Panta.


No mesmo pleito, o então prefeito apoiou Aguinaldo Ribeiro para deputado federal. Aguinaldo ficou em sétimo lugar em Santa Rita, com 2.486 votos. Quem liderou a votação foi Mersinho Lucena, com 4.814 votos.


E antes disso, em 2018, Aguinaldo já tinha ficado atrás de Dr. Juca e outros nomes, com apenas 2.020 votos na cidade.


Emerson nunca transferiu votos.

Essa é a verdade que ele tenta esconder aos gritos. A decadência não está no presente. Está na trajetória.


Nas urnas, o declínio é evidente.


Em 2016, quando foi eleito pela primeira vez, obteve mais de 51 mil votos. Em 2020, caiu para cerca de 32 mil votos. Perdeu quase 20 mil votos em quatro anos.


Números não mentem. Quem perdeu tamanha votação perdeu também a força política.


A inelegibilidade é a tempestade que já começou.


Hoje, Emerson enfrenta decisões judiciais que o colocam inelegível para 2026, segundo julgamento em segunda instância no Tribunal de Justiça da Paraíba. Há também processos envolvendo análise de contas pelo Tribunal de Contas do Estado, onde ele sofreu derrotas relevantes durante seu mandato.


Isso explica a pressa, a urgência, o descontrole.


É por saber que não poderá disputar 2026 que tenta construir uma sobrevida política através da deputada Jane, imaginando que, com ela na Assembleia Legislativa, talvez ainda exista espaço para um retorno futuro.


Não é sobre projeto político, é sobre sobrevivência pessoal.


O discurso não foi discurso. Foi um pedido de socorro.


Aos gritos, Emerson mandou indiretas, falou em traição, atacou sombras.

Não teve coragem de citar nomes, e quem não tem coragem de citar nomes não lidera. Reage.


Ali, naquele palco, não estava o ex-prefeito mais votado da história de Santa Rita.

Estava apenas um homem que não aceita ter perdido o protagonismo.


Santa Rita não é mais extensão do seu gabinete, a classe política já não gira em torno da sua vontade e o eleitorado percebeu.


O silêncio estratégico deu lugar ao desespero barulhento, e na política o barulho é sempre o ruído da queda.


Não foi um discurso, foi o grito de quem percebeu que o poder já não volta.


Crédito imagem:  Reprodução/Instagram

Sobre Manno Costa

Jornalista e radialista. Editor executivo do portal News Paraíba. Cursou Comunicação Social na UFPB. Iniciou sua carreira profissional em 1999.

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